sábado, 9 de março de 2013

About Juliet #001




Depois de acabarem, ela deitou a cabeça sobre o peito dele e deu um longo suspiro. Pode sentir quando os dedos dele se enroscaram ao seu cabelo e começaram a dedilhá-lo lentamente. Ela podia sentir a respiração rápida e descompassada dele, ele podia sentir a maciez e o perfume do cabelo dela. Depois de um certo tempo, ele pegou um maço de cigarros em cima da cômoda e acendeu um. Tragou lentamente e estendeu-o a ela, que aceitou sem delongas.



- Por que estamos fazendo isso?  - perguntou-o enquanto devolvia o cigarro.
- Me responda você. Por quê?
- Eu não sei. Não sei o que estou fazendo aqui, o que nós estamos fazendo. É...
- Errado? – ele completou, rindo.
- Na melhor das hipóteses.
- Você gosta.
- Sim. – respondeu com relutância – Assim como você.
- É claro que estou gostando... Nós, homens, sempre gostamos das coisas erradas. Do fruto mais alto, do brinquedo mais caro, da matéria mais difícil, da maçã mais podre. Somos assim. – sussurrou, logo após soltando uma pequena risada  - Você é difícil, docinho. Eu gosto.
- Não sou nenhum docinho, mas terei que concordar com a parte da maçã. Você não presta. Nunca prestou. – pegou o cigarro da mão dele e tragou novamente – Mas esse é o seu charme. Sempre foi.
- Eu sei. – ele tirou o cigarro das mãos dela e o apagou.

Ela se virou e olhou nos olhos dele. Como sempre, foi sugada pela imensidão azul que eram eles e logo se viu envolta por tantos sentimentos antigos e inúteis. Ele segurou seu pescoço com firmeza e beijou-lhe os lábios com força. Com a mesma selvageria, puxou-a para cima de si. As mãos dela percorriam seu cabelo afoitamente, enquanto as dele exploravam o já tão conhecido corpo dela. Antes que pudessem prosseguir com qualquer tipo de coisa, ela se separou dele e se levantou. Pegou suas roupas no chão e as vestiu enquanto ele observava calado. Pegou sua bolsa e retirou seu batom vermelho escuro, preenchendo seus lábios com o mesmo. Amarrou seu velho lenço na cabeça e se virou para ele.

- Terminamos por aqui.
- Até a próxima vez.
- O que te faz pensar que eu vou voltar? – riu com descaso, colocando seus óculos escuros e acendendo um de seus cigarros.
- Você sempre volta, Juliet.

Ela riu novamente e deixou o quarto. Já haviam passado-se tantos anos, mas sim, ela sabia que sempre voltaria. Nunca houve qualquer tipo de opção além de voltar, não para ela.

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